segunda-feira, 20 de abril de 2009

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Entrevista O Fullblog

Por O Fullblog

(Realizada em 18 de Abril de 2009)

Uma conversa descontraída com o cantor Neguinho da Inês, o homem que foi encontrado, poucos dias após o seu nascimento, em uma lata de lixo. Ele fala sobre a sua luta em busca do sucesso, a trajetória e o sonho de ter um teclado próprio para melhorar a qualidade do seu trabalho.

“sou corno oficialmente”. É o que diz Raimundo Alves Cabral Filho, o Neguinho da Inês. O paraense que saiu de uma lata de lixo, virou cantor e tem a honra de falar que entoou uma canção à João Paulo II, numa das visitas do Pontífice ao Brasil.

O homem mais bonito da cidade de Marabá, como ele mesmo fala, tem dois sonhos: alcançar o sucesso profissional e ter um teclado. Ele foi abandonado pela mãe, mas não guarda rancor. Desde criança batalhou muito para sobreviver. Após alguns anos ganhando a vida como seresteiro, cantando na noite marabaense, passou por vários grupos musicais no estado do Pará. Pensava e precisava de algo que o fizesse explodir nas paradas de sucesso. Aproveitando seu talento de compositor e mudando o estilo musical, encontrou com a música latejando o bicho, a chance de ouvir o seu trabalho tocado nas rádios de sua cidade e viu sua carreira tomando o rumo que ele sonhava, ser reconhecido nacionalmente.

O Programa do Ratinho e Quem Não Viu Vai Ver, do SBT, já foram palco para o talento dele. Já se virou nos trinta com o Faustão e até mesmo no Esporte Espetacular, Rede Globo, foi apresentado ao Brasil. Fez participações em shows de cantores sertanejos e do Rei do baião, Luis Gonzaga.

Qual o seu nome verdadeiro, quantos anos você tem e onde nasceu?

Meu é Raimundo Alves Cabral Filho, nasci na cidade de Marabá, no Pará. O cabra mais bonito que nasceu naquela cidade.

Você foi abandonado no lixo pela sua mãe biológica. Hoje, você sente raiva dela?

Não, eu não conheço. Você sabe que naquele tempo né, naquele tempo existia muito preconceito contra as moças que se perdiam. Eu acho que deve ter sido um caso daqueles, minha mãe deve ter ficado grávida clandestinamente e me jogou na lata de lixo. Não tenho raiva não. Acho que isso não foi por maldade.

É a primeira vez que vem à Imperatriz?

Primeira vez que estou em Imperatriz divulgando esse trabalho. Estou aqui de passagem, quero chegar até São Paulo e comover o Gugu e tentar ganhar um teclado no programa dele, para melhorar o nosso trabalho.

Na sua infância, você teve o direito de brincar, ir à escola, ou foi mais uma criança que, por conta das desigualdades sociais do Brasil, precisou trabalhar para ajudar no sustento da família?

Trabalhei muito, mas também brinquei e estudei. Eu estudei por minha própria conta. Fiz até a sétima, com muito esforço e eu acho que cheguei até o ponto que eu queria. Desde criança o meu sonho era cantar, agora posso cantar, dançar e fazer humor para a rapaziada.

O que te levou a cantar?

É um Don. Desde os meus cinco anos eu canto e componho, então a musica sempre fez parte da minha vida, da minha criação e formação.

Esse estilo irreverente, como você mesmo fala, o acompanha desde o inicio da carreira ou houve a necessidade de ser incorporado ao neguinho ao longo da caminhada?

Eu comecei sendo seresteiro em porta de bar, depois passei a cantar em bandas. Passei várias bandas em Marabá. Com o tempo eu vi que isso era sem futuro e foi aí que eu comecei a fazer a musica, Latejando o bicho, pro meu segundo cd. Ela foi a musica que ainda vendeu um pouquinho, é humor. Foi aí que decidi que no próximo disco colocaria só humor.

Qual de suas musicas é a preferida do publico?

O cão chupando manga! Essa é a preferida e me rendeu participações em alguns programas de televisão.

Por que, Neguinho da Inês?

Foi a mulher que me encontrou na lata de lixo e me criou. O nome dela é Inês. Então fiz essa homenagem.

O que é o sucesso e por que deseja tanto alcançá-lo?

O sucesso é aquilo que faz agente se tornar conhecido por causa de um bom trabalho. Apesar de ser conhecido eu ainda não alcancei esse sucesso. Sou conhecido assim, já sair na mídia a nível nacional e aonde eu chego, ouço as pessoas dizerem: “eu já vi aquele rapaz na TV”. Isso é uma popularidade, o sucesso vem mais adiante.

Suas musicas são sempre acompanhadas por coreografias feitas por você mesmo. Dançar e cantar ao mesmo tempo não é cansativo?

Não. Na verdade é cansativo dançar e dublar ao mesmo tempo. Agora cantar mesmo e dançar eu já acostumei. Fiz isso em varias bandas.

Alguma de suas composições é homenagem a alguém?

Só essa, Baita chifrão, que eu fiz em homenagem a mim mesmo (risos). Eu sou corno oficialmente.

Com qual cantor famoso você gostaria de dividi o palco ou isso já aconteceu alguma vez?

Eu já tive a chance de fazer pequenas participações em shows de artistas como Zezé de Camargo e Luciano, Banda Calypso, Altemar Dutra, Luis Gonzaga, Reginaldo Rossi e tem outros ainda. Dei a sorte de está nas cidades onde eles iam fazer shows. Foi só contar com a ajuda de alguns amigos que me colocaram lá. Já cantei até pro Papa João Paulo II, quando ele esteve em Belém.

Você saiu de Marabá. Qual o seu destino?

Veja só como acontece: hoje o Neguinho da Inês faz um show na região por seiscentos reais. O tecladista me cobra cem reais, o aluguel do teclado custa cento e cinqüenta. Quando eu viajo, tenho que pagar hotel para a equipe, então não fica quase nada pra min. Por isso eu quero ir ao Gugu, mostrar o meu trabalho e ver se consigo ganhar um teclado. Vai me ajudar, pois é uma despesa a menos. O objetivo dessa minha turnê é ganhar esse teclado. Eu ganhando esse teclado, economizo cerca de 150,00 por show, da pra comer melhor e mais tarde comprar um carro pra poder ir mais longe.

O que espera que aconteça na sua vida no ano de 2009?

Eu espero alcançar o sucesso, que ele seja total nesse ano pra gente poder respirar aliviado.


Hemerson Pinto